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Nunca fiquem com uma paixão platônica.

janeiro 29, 2013

Tem pessoas que você conhece e já percebe que vai se identificar com ela, você a olha de primeira e surge aquele sentimento estranho e uma curiosidade imensa de saber mais sobre. Algo rotulado como “Amor à primeira vista”, o que é um grande erro. Acredito que o que acontece é que enxergamos, de relance, semelhanças nessas pessoas. Não quaisquer semelhanças, são aquelas que fazem você se sentir confortável e que lhe causam uma simpatia repentina pela pessoa ainda não conhecida. Geralmente é assim que surge a maioria dos casos de paixões platônicas.

Tive uma há muito tempo. Era um garoto estranho, não era daqueles que as garotas olhavam e suspiravam.  Não parecia ser do tipo que vivia cheio de mulheres, não parecia ser do tipo de garoto cheio de si. Tinha um estilo diferente, parecia ser meio bobo e possuía uma fisionomia de gente meio boba. Identifiquei-me. Na época eu costumava ser tímida para abordar garotos quais eu poderia sentir um interesse maior, mas naquele dia não, tentei me aproximar como pude. Apesar de termos conversado, me dei conta que no final do dia eu só sabia ao certo o seu primeiro nome. Fiquei pensando nele há semanas até eu decidir que o encontraria em redes sociais e manteria contado. Senti necessidade de conversar com ele, eu sentia que nos daríamos bem. Demoraram uns dois meses até encontrá-lo, só que mesmo que eu tentasse conversar virtualmente com ele, eu sempre achava que tava falando besteira e que ele estava me achando uma idiota.

Não falei mais com ele por um bom tempo. Sabe aquela coisa pré-adolescente e idiota de abrir a janelinha do MSN da pessoa e ficar admirando a foto dela e não falar uma só palavra? Então, era apenas o que eu fazia. Por um bom tempo, ficava feliz em apenas vê-lo na rua de vez em quando, mesmo que isso fosse por apenas fração de segundos de quem vê uma pessoa passando na rua quando se está dentro de um carro em movimento. Às vezes eu pegava o mesmo ônibus que ele. Ele não me reconhecia, mas eu gostava quando isso acontecia. Às vezes ele comentava postagens bobas minhas na internet e eu ficava feliz. Durante dois anos vivi nessa boba e estranhamente boa sensação de ter uma paixão não correspondida. Eu pesquisava sobre ele e encontrava coisas na internet nas quais ele expunha um pouco mais de si, e provavelmente não era pra qualquer pessoa ver. Hoje acho isso meio (muito) possessivo. Tinha medo de ele descobrir isso e ter medo de mim. O pior era que cada vez que eu achava um pouco mais sobre ele, eu me identificava mais.

Não deixei de conhecer e gostar de outros por causa dele, mas toda vez que não dava certo, eu pensava: “Mas se fosse com ele, seria diferente. Ele é como eu.” Pensei assim até sair do ensino médio, depois acabei me esquecendo desse assunto um pouco. O problema é que paixões platônicas são boas até deixarem de ser, se você acaba tendo a ‘felicidade’ de ser correspondida você pode se decepcionar por dois motivos: – Descobrir que não era tudo aquilo que imaginava e se desaminar; – Descobrir que era aquilo você imaginava e até melhor, mas a pessoa não achar o mesmo quando está com você e não querer mais nada.

A segunda opção foi o que aconteceu comigo. Por coincidência fomos parar na mesma faculdade e foi aí que começamos a nos conhecer melhor. Cada vez que falava com ele tinha mais certeza de que ele realmente era aquilo que eu imaginava. Senti que ele também gostava da minha companhia, mas às vezes tinha medo de imaginar qual era sua opinião sobre mim. Todo dia torcia para encontrá-lo depois da aula, e eu me sentia ridícula como se tivesse voltado naquele tempo. Aproximamos-nos cada vez mais e comecei a desconfiar que talvez eu pudesse estar sendo correspondida.  Ele me confundia às vezes, mas eu estava certa. Depois de muitas tentativas mal sucedidas de tentar se ver, ficamos uma vez. Foi a primeira vez que eu acreditei que daria certo com alguém. Ele era incrível, nunca havia me dado tão bem assim com alguém. Parecia até mentira que aquilo realmente estava acontecendo. Garota boba, não? Tentei fazer de tudo para não estragar mesmo tendo sido tímida demais quando ficamos juntos.

Acontece é que não demorou muito pra ele ficar estranho, dava desculpas para desmarcar quando combinávamos algo, não me procurava com a mesma frequência de sempre. Tentei não ser paranoica, mas suspeitei que ele houvesse conhecido outra e se interessava por esta. Maldito costume de acertar palpites. Eu estava certa, mas ele não veio me dizer que não queria continuar mais nada. Apenas me mandou mensagens estranhas dizendo que “queria ir com calma, mas ainda queria algo”. Como assim? Fiquei achando que tinha feito algo errado, mas já tinha percebido o que estava acontecendo e desde então já sabia que não ia dar em nada. Queria estar errada e sabia que não estava. A única coisa que eu esperava pelo menos era que ele me contasse. Coisa que ele não fez. Eu comecei a pressioná-lo e até mesmo ser meio chata (sem querer) pra ver se ele dizia alguma coisa. Ele sempre dizia que não era nada e que eu era paranoica, até um dia em que ele foi grosso e percebi então que não deveria mais falar com ele.

Isso era terrível, sentia uma falta enorme de nossas conversas. Ele não dava mais a mínima. O vi uma vez numa festa com a tal garota. Já sabia deles, mas aquilo me abalou mesmo que não devesse. Não consegui fingir que aquilo não era nada pra mim e como uma idiota, acabei chorando. Até então o que eu achava que havia acontecido era que ele se apaixonara por outra e que esta o fazia mais feliz. Pelo menos ele gostava realmente desta e poderia construir com ela um relacionamento verdadeiro do qual eu acreditava que era o que ele procurava.

Sentia falta de falar com ele. Apesar de todos falarem que é burrice da minha parte, hoje somos amigos, mais pra colegas talvez. Essa era a parte que vocês provavelmente esperassem que eu dissesse que desde então tá tudo bem, mas não está. Não sei que diachos de ligação ainda tenho com ele que não deveria.  Esses tempos descobri que ele não é mais aquele que eu havia conhecido, parece não dar mais importância a relacionamentos sérios, parece mais frio e até mesmo um pouco egoísta. Quando descobri isso fiquei decepcionada, mas ele ainda é a mesma pessoa legal e divertida para conversar, me sinto bem falando com ele.

O que perturba é querer saber se ele mudou ou apenas revelou ser o que sempre foi. Seria muito triste descobrir que aquele garoto de anos atrás deixou de existir ou que nunca existiu. Queria dizer que não, mas ainda procuro encontrar outro que fosse como ele era e isso é frustrante. Não tive mais vontade de construir algo sério com alguém, isso é culpa minha na verdade. Não deveria ter me mudado por isso. Ele nunca soube que eu já gostei tanto dele assim, às vezes acho que deveria contar a ele, mas não mudaria nada, não faria sentido dizer isso agora. Alguns momentos tenho vontade de perguntá-lo o porquê de ele ter perdido o interesse, mas tenho medo de remexer algo que está quieto e nem deveria estar me afetando. Só digo que é terrível o desgosto de descobrir que você se enganou em relação a uma pessoa, principalmente quando não quer aceitar, e é muito triste perder aquela ingenuidade de achar que um dia você vai encontrar aquela pessoa incrível que vai querer estar só com você verdadeiramente.

A única coisa que digo a vocês é: Nunca fiquem com uma paixão platônica.

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